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sábado, 11 de junho de 2011

O telefone toca:



  •  — Alô?! Quem está falando?
  •  — Oi! Moço você pode me escutar por uns cinco minutinhos?
  •  — Não, não... Ligue depois.
  •  — Mas... — O telefone desliga.
  • NO OUTRO DIA, ELA LIGA NOVAMENTE:
  •  — Alô? Quem está na linha? — Era a voz de uma garotinha.
  •  — Olá, posso falar com seu pai?
  •  — Ele não está. O que você quer?
  •  — Preciso falar com ele, você deixa o recado?
  •  — Sim, eu deixo.
  • NO OUTRO DIA O PAI DA GAROTA ATENDE O TELEFONE:
  •  — Alô? Quem é?
  •  — É a mesma garota que vem te ligando.
  •  — O que você quer agora? — A ignorância tomava conta da voz dele.
  •  — Eu só preciso falar. Você me escuta?
  •  — Não! Eu já disse que não.
  •  — Mas... — O telefone desliga novamente.
  • DIAS SE PASSAM E A GAROTA CONTINUA A LIGAR:
  •  — Alô? — A garotinha atende o telefone.
  •  — Oi.
  •  — Você é a mulher que tanto liga?
  •  — Sou. Mas não desligue, por favor!
  •  — O que você quer com meu pai?
  •  — Eu só queria falar com ele, mas ele não quer ouvir. Posso falar com você?
  •  — Pode.
  •  — Eu estou ligando de um orelhão, achei esse número na rua, ia pedir-lhe ajuda. Seu pai foi muito ignorante comigo, logo após desligar o telefone eu chorei. Eu só queria explicar o porquê de tanto ligar. Vou te contar uma história. Eu não tenho casa, vivo na rua. Sofro por um mísero pão. As pessoas só sabem pisar em mim... Eu tenho medo à noite, quando cai uma chuva fico ensopada. Não tenho pra onde ir, todos me rejeitam. Perdi meus pais em um acidente de carro, minha vida era “perfeita”, mas eu só sabia reclamar. Não dava a mínima para meus pais, não ligava para o que eles pensavam, eu não estava nem aí, até tudo acontecer. Chorei muito e hoje percebo o valor que eles tinham, mas caí na real muito tarde. — A lágrima dece pelos olhos da garota.
  •  — Hã? Como assim? — Já chorava muito ao telefone.
  • O PAI DA GAROTA CHEGA E ESCUTA OS CHOROS DE SUA FILHA:
  •  — Filha, quem está no telefone?
  •  — Aquela menina que tanto liga, ela me contou sua história. Você deveria ter ouvido ela, ela sofre muito e precisava desabafar... — Secavam as lágrimas dos olhos.
  •  — Menina? Você ainda está ai?
  •  — Estou, mas queria avisar que darei adeus. Eu só precisava dizer isso para poder sumir, queria ser lembrada. Fica com Deus, você é muito inteligente e linda. Não deixa que ninguém te bote pra baixo e obrigado do fundo do meu coração por ter me escutado. — Ela desliga o telefone. (Victor Sotero)

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