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domingo, 20 de outubro de 2013

Eu sou a vítima da confiança tola, depositada nos cantos mascarados.

 Eu sou a poesia que tenta se redimir. Sou a letra atrapalhada na agenda, marcando palavras soltas e pensamentos deliberados. Eu sou como a lareira esquecida. Sou aquilo que você não vê. Sou a bebida que você se recusou a beber. O livro que você não comprou. Sou uma mercadoria sem prazo, sem demanda. Eu sou a minha alma em desconforto, mas também sou a catarse.
Sou uma palavra sem tradução, esperando entender a mim mesma, como uma bússola em busca do seu destino.
Meu caminho sou eu quem faço, mesmo sem um puto no bolso e uma passagem de volta. Como o som de uma chaleira, anuncio que sou a minha própria chegada. Mesmo neurótica, minha razão é a minha única companheira. Andamos de mãos dadas, acompanhadas do caos. Eu sou amante do caos; Nele vivo, dele não me retiro. Dele desfaço, nele me refaço.
Por horas e horas me perguntando, não há mais dúvida. Se ao menos houvesse um sinal sobre a volta da dúvida, eu não poderia permitir. Eu sou o que acho que sou, e tudo aquilo que me propus a ser. Eu sou a minha própria criação, mesmo que não seja de grande valia.
Eu vou me descobrindo, redescobrindo, recriando e redecorando. Como uma pintura velha, sedenta por novas pinceladas.
Minha formação é um conjunto de retoques.
Eu sou uma equação que não termina.
As pessoas dizem, por livre e espontânea mentira, que minha personalidade os interessa. Se o interesse assim fosse verdadeiro, eles não tentariam tirar o pouco que tenho.
Eu não sou nada. Eu nunca serei nada.
Mas é justamente nesse nada que eu encontro tudo o que preciso.

– Marie Devalski

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