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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

“Ontem à noite fiquei mal de novo.

Meu telefone tocou e eu me iludi pensando que poderia ser você, mas não foi. A gente passa tanto tempo pensando que as coisas poderiam acabar em dois segundos que, quando finalmente acabam, parece mais uma peça da nossa imaginação do que a cruel realidade. Sei que essa deve ser a milésima vez que te escrevo dizendo essas coisas, só que você precisa compreender que existem fatos que não entram na minha cabeça. Você estava lá também, nos exatos momentos em que eu estive. Você olhou para mim com aqueles olhos calorosos e disse que tinha certeza de que eu seria o amor da sua vida. Me explica como uma coisa dessas muda! Você morreu e se esqueceu de me contar? Só pode. Homem não percebe que não deveria sair por aí dizendo essas coisas a não ser que tenha certeza absoluta imutável atemporal verdadeiramente sincera. Você nem percebe o estrago que fez, né? Nem se dá conta que das próximas vezes que eu escutar alguém dizendo “você é o amor da minha vida”, vou ter vontade de abaixar a cabeça e chorar. Essa promessa era tua. Você me estragou para o resto dos homens, não importa o quão sinceros e apaixonados sejam. Agora meu coração já não é mais inteiro. Depois daquela tarde, meio bêbados e totalmente enlouquecidos, eu não sirvo para homem nenhum. Só para você. Eu disse que te amava com todo meu coração e agora isso nunca mais vai ser verdade, porque um pedaço dele está perdido. Virei meia receita. O bolo nunca mais vai ser bonito como antes. Existem feridas que nem mesmo o tempo consegue curar, e você é uma delas. Peço desculpa para todos os caras que tentam pagar uma bebida para mim. Foi mal, estranho, já fui o amor da vida de alguém que morreu.”
— Amor da vida de um defunto. - Ana F.

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