Arquivo do blog

Páginas

Pesquisar este blog

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

(é ela, meu deus, por que essas merdas só acontecem comigo?

 eu tinha certeza de que ela não estaria aqui. mas ok, ela tá aí, e tá bela, filhadaputa, ela podia estar feia só pra eu fazer algum comentário sacana, não, eu não faria isso, eu só queria ter coragem pra fazer, mas eu não faria. eu acho essa filhadaputa bela de qualquer jeito. falo alguma coisa? sorrio, pergunto se está tudo bem, finjo que eu mesmo estou bem?)
- oi.
- oi. 
(oi? que oi o quê? eu não tenho que ficar dando oi pra ela, mas agora já foi. vou ficar só no oi mesmo, porque eu não gasto nem mais um segundo de linguagem com essa sem vergonha. ok, eu tô gastando linguagem pensando furiosamente nisso, mas pelo menos eu mantenho as aparências e não falo nada.)
- você tá bem?
(se eu tô bem? vejamos, eu poderia começar com a verdade e dizer que não, claro, mas quem responde não a uma pergunta dessas? as pessoas achariam que é manha e ela vai achar que é manha mesmo, que eu tô querendo começar uma discussão. mas eu também não falarei que sim, pois eu não tô bem, e é claro que eu não tô bem por causa dela, e é claro também que eu nem quero que isso fique claro, claro, é claro que eu não tô bem, minha filha...)
- tô; e você?
- também, também. você parece bem mesmo.
(ok, eu não sei mais como interpretar isso porque eu nem lembro mais como te interpretar. eu pareço bem o quê? ou eu pareço que tô bem? é isso? frase mal feita do cacete. eu posso simplesmente deixar essa conversa no meio e fingir um desmaio, eu dou um rodopio e caio no chão, o que não seria tão ruim assim, esse monte de teatro, mas a camisa tá limpa, então é melhor não, catso, que merdinha eu sou, preocupado com a camisa, foi por isso que ela te largou, foi por isso que você me largou, né?)
- obrigado, você parece bem também..
(obrigado, claro, obrigado por ter me destruído, obrigado pela ressonância enjoativa que você provocou na minha vida, obrigado por estar sempre presente nas ausências fundamentais de tudo, obrigado mesmo, eu acho até que deveria agradecer por você ter me destroçado, ver a tudo como uma oportunidade para praticar o meu budismo, você deveria ser uma daquelas coisas que nos abrem os olhos, mas eu tô aqui de olho aberto e não enxergo nada mesmo assim nada: miserável clichê. e você tá bem mesmo, não como eu, que não estou bem, mas pareço estar, só pareço que estou bem, pois eu pareço bem que estou parecendo bem, meu bem.)
- que bom que estamos bem, então.
- bem, eu não diria exatamente bem...
- você sabe... ultimamente eu ando pensando muito em você.
(rodopio. desmaio. foda-se a camisa, meu bem.)



J.Castro

Nenhum comentário:

Postar um comentário